Sexta-feira, 21 de Maio de 2010

Liga Sagres 09/10 - Um olhar sobre as restantes equipas

LEIXÕES E BELENENSES TERMINARAM ABAIXO DA LINHA DE ÁGUA

 

LEIRIA E OLHANENSE CONSEGUIRAM-SE MANTER DEPOIS DA SUBIDA

 

O MARÍTIMO GANHOU O SPRINT FINAL NA LUTA PELA EUROPA

 

LEIXÕES

 

O caso do conjunto de Matosinhos é bem mais fácil de compreender que o do Belém. Depois de uma temporada (passada) em que andou nos primeiros lugares durante bastante tempo (cerca de doze jornadas), e terminou a prova num fantástico sexto lugar, quando o objectivo era a manutenção, até parece difícil de explicar o que aconteceu com a equipa esta época, mas não é. Para mim, um dos grandes erros da direcção, foi ter prescindido de José Mota. Além de ter conduzido a equipa ao sexto posto, colocou a equipa a jogar bom futebol. É um treinador português, e conhece bem melhor a nossa Liga, que qualquer outro treinador estrangeiro (independentemente de Casto Santos já ter trabalho cá). Claro que a despromoção do Leixões não aconteceu só pela mudança de treinador. A equipa tinha em 08/09, um plantel de enorme qualidade. E, como seria de esperar, depois de uma campanha estupenda, muitos desses jogadores deixaram o clube. O Leixões não foi capaz de compensar todas essas saídas e o plantel perdeu muita qualidade. Grande parte dos jogadores que chegaram, não acrescentaram grande coisa. Estes, foram dois dos motivos principais pela descida do Leixões.

 

BELENENSES

 

Tal como na época anterior, o Belenenses não escapou aos últimos lugares, e terminou a prova na décima quinta posição. Em condições normais, a equipa regressa ao escalão secundário. Recorde-se que a formação do Restelo já evitou a descida duas vezes na secretaria. Se tivermos em conta, os problemas que têm assombrado o escalão máximo (fisco, incumprimento das regras, corrupção), não seria nada de estranhar, se a equipa se mantivesse entre os grandes na próxima época. Tirando as classificações de Porto e Sporting, a do Belenenses, é para mim uma das mais surpreendentes. Com um plantel composto por jogadores experientes, jogadores de primeira divisão, e valores seguros do nosso futebol, é inacreditável a posição em que a equipa termina a Liga. Na minha opinião, das equipas que lutaram pela permanência, o Belenenses era aquela que dispunha do melhor conjunto de jogadores. É um daqueles casos inexplicáveis. Mas, que ao mesmo tempo, só mostra que é dentro de campo que se mostra o favoritismo.

 

SETÚBAL

 

Um dos casos onde a direcção do clube foi decisiva, foi justamente no Vitória de Setúbal. O Vitória arrancou a temporada sob o comando de Carlos Azenha, que já tinha trabalhado (adjunto) com Jesualdo Ferreira no Porto. O início de temporada foi tão péssimo, que obrigou o Setúbal a procurar outro treinador. Carlos Azenha permaneceu apenas e só à frente da equipa : quatro jornadas. Deixou a equipa na última posição e foi alvo da segunda chicotada psicológica da Liga Sagres. Azenha que chegou a ser falado para o Benfica, por um dos candidatos, não resistiu às goleadas sofridas na Luz (8-1) e em Setúbal frente ao Leiria (4-0). Em quatro jogos, o Vitória amealhou apenas um ponto (empate a zero na primeira jornada). Manuel Fernandes, o homem que tinha conduzido o Leiria ao escalão máximo, e um velho conhecido no Bonfim, era o escolhido para suceder a Carlos Azenha. As diferenças foram imediatas. Assim que Azenha deixou o comando da equipa técnica, a equipa obteve o primeiro triunfo no campeonato logo na jornada seguinte (1-0 no terreno da Naval). Manuel Fernandes pegou na equipa na jornada número oito, vencendo o Leixões em casa por 1-0. Em Dezembro, na reabertura do mercado, o clube reforçou-se bem. Manuel Fernandes e os reforços (Ricardo Silva e Neca), foram determinantes no objectivo chamado manutenção.

 

OLHANENSE

 

Depois de ter devolvido ao escalão máximo do futebol português, mais de 35 anos depois, um dos históricos do futebol algarvio (Olhanense), Jorge Costa decidiu continuar em Olhão, e saiu com o sentimento de dever cumprido. Comandou o Olhanense durante duas épocas de forma extraordinária. Em dois anos, conseguiu dois feitos assinaláveis. O ano passado a subida e, este ano, a manutenção. Quando o Olhanense era um principais candidatos à descida. Com o orçamento mais baixo da prova, e sem as condições de trabalho de outros emblemas que se conseguiram estabelecer na primeira divisão, os algarvios tiveram um desempenho surpreendente. Das várias equipas que lutaram pela permanência, o Olhanense foi provavelmente a que praticou o melhor futebol. Mostrando a outros clubes, que era possível alcançar o objectivo a que se propôs, jogando de forma agradável. Recusando o futebol ultra defensivo. O emblema de Olhão, foi um dos poucos a conseguir pontuar com os três grandes. Arrancou dois empates no José Arcanjo diante de Benfica e Sporting, e ainda foi empatar ao Dragão. Castro e Djalmir, foram dois dos grandes protagonistas da equipa em 09/10.

 

RIO AVE

 

O Rio Ave foi uma das equipas surpresa na primeira metade da competição. Chegou a ocupar a quarta posição, porém, terminou a primeira volta no oitavo posto. Respeitável, para um formação que tinha como meta, permanecer entre os grandes. Carlos Brito realizou mais uma vez um trabalho de qualidade. Deixou a equipa três lugares acima da linha de água. O Rio Ave nunca foi uma equipa espectacular ao longo da competição, foi sempre uma equipa prática e objectiva. Rigor táctico, organização defensiva, e aproveitamento do contra-ataque, foi desta forma que o Rio Ave se mostrou em 09/10. Depois de uma primeira volta bem acima da média, a equipa perdeu algum fulgor na segunda metade do campeonato. Acabando por ser uma das desilusões, muito por culpa própria. Prometeu muito e acabou a lutar pela permanência, quando se chegou a pensar que podia intrometer-se na luta pela Europa, ou quem sabe, terminar a meio da tabela. Sílvio, Fábio Faria, Vítor Gomes, Wíres e Bruno Gama, foram os principais destaques.

 

ACADÉMICA

 

Tudo mudou quando saiu Rogério Gonçalves e entrou André Villas-Boas. Um mudança enorme e decisiva. A equipa cresceu a olhos vistos. Melhorou a nível de jogo jogado e deixou rapidamente os últimos lugares da tabela classificativa. O trabalho de Villas-Boas não passou despercebido a ninguém. O Sporting mostrou interesse quando Paulo Bento abandonou Alvalade, mas as partes envolvidas não chegaram a acordo e o discípulo de Mourinho permaneceu em Coimbra, sendo a sua permanência no clube, uma incógnita. Há quem diga que está a caminho do Dragão para substituir Jesualdo Ferreira. A primeira experiência como técnico principal não poderia ter corrido melhor. Chegou a Coimbra quando a " Briosa " ocupava o último posto e terminou a Liga em décimo primeiro. Trabalho de grande qualidade de André Villas-Boas.

 

PAÇOS DE FERREIRA

 

Com a saída de Paulo Sérgio para Guimarães, a escolha recaiu em Ulisses Morais, ele que tinha sido alvo da primeira chicotada psicológica da época, quando deixou a Naval 1º de Maio. A segunda metade da Liga foi totalmente diferente da primeira na Mata Real. A boa campanha que a equipa fez na segunda volta, foi coroada com o décima posto. O Paços ainda alimentou o sonho das competições Europeias durante algum tempo, mas um conjunto de resultados menos conseguidos deitou tudo a perder. William voltou a mostrar que é um ponta-de-lança letal, apesar de ser um jogador algo indisciplinado. Motivo que motivou a sua saída para o futebol russo. O quarteto defensivo também merece destaque. O mesmo pode-se dizer de Maykon. Um dos jogadores mais cobiçados do emblema da Mata Real.

 

LEIRIA

 

O União de Leiria também entrou na luta pela Europa, mas na recta final ficou arredado dessa possibilidade. Em conjunto com o Braga e o Rio Ave, foi uma das equipas que mais surpreendeu na primeira metade da Liga. Subir ao escalão principal e no ano seguinte terminar entre os dez primeiros, numa competição exigente, e que reúne dezasseis equipas, é de valor. Manuel Fernandes deixou a equipa à passagem da sétima jornada (derrota por 3-2 em Matosinhos com o Leixões). Para o seu lugar entrou Lito Vidigal, que se limitou a dar continuidade ao belo trabalho desenvolvido por Manuel Fernandes, que havia planificado toda a época. Cássio e André Santos foram as grandes figuras da equipa leiriense.

 

NAVAL

 

Se existem classificações que não traduzem mesmo nada ou quase nada a qualidade das equipas, a da Naval foi uma delas. Oitavo posto para uma das formações mais defensivas da prova (para mim a mais defensiva). Eu também sou suspeito para falar da Naval, porque gosto de equipas que pratiquem bom futebol, que não tenham medo de assumir o jogo, e que não se fechem lá atrás. A Naval fou justamente o contrário. Sei dar o valor a um conjunto que sabe defender, que tem organização defensiva, que é competente em termos tácticos. Mas o emblema da Figueira foi demasiado defensivo. Jogou grande parte dos jogos sempre da mesma maneira : uma equipa inteira atrás da linha da bola. Objectivo : empate. Houve jogos em que raramente se preocupou com o contra-ataque, o objectivo era só um : defender. Diego Ângelo, Camora, Simplício e Fábio Júnior mostraram qualidade.

 

NACIONAL

 

Candidato à Europa, foi uma equipa demasiado irregular. Foi um dos conjuntos que mais desiludiu na segunda metade da competição. Esperava-se um pouco mais da formação insular, que teve um início de época prometedor, ao eliminar o Zenit, na eliminatória da Liga Europa. Em Dezembro perdeu uma das suas melhores unidades. Ruben Micael que rumou ao Dragão, era indispensável na manobra da equipa. Sem um substituto à altura, o Nacional ressentiu-se um pouco disso. O número de triunfos na prova em 2010 (três, todos em casa), ajuda a perceber um pouco aquilo que foi o desempenho da equipa na segunda volta : desastroso. Uma prova regular, teria colocado o Nacional na rota europeia sem problemas.

 

GUIMARÃES

 

O arranque da equipa, com Nelo Vingada no comando, foi bem diferente daquele que a direcção minhota esperava. Longe dos primeiros lugares, Nelo Vingada não durou muito tempo " no berço de Portugal. Paulo Sérgio deixou a Mata Real e abraçou um novo projecto, o mais ambicioso da sua curta carreira até então. O novo técnico dos leões, conseguiu levar a equipa aos primeiros lugares. O Guimarães chegou a lutar com o Sporting pelo quarto posto, perdendo essa luta. Na derradeira e decisiva jornada, a equipa deixou-se surpreender em pleno Estádio Afonso Henriques, com o Marítimo, perdendo de forma inesperada por 2-1, depois de ter estado em vantagem. O resultado impediu a equipa de terminar no quinto posto. Ainda assim, Paulo Sérgio deixou o Vitória bem melhor do que quando entrou naquela casa.

 

MARÍTIMO

 

O Marítimo, tal como o Belenenses, é um daqueles exemplos inexplicáveis do futebol. Na minha opinião, a seguir aos três grandes e ao Braga, a formação insular tinha ao seu dispor o melhor plantel da Liga. No entanto, foi preciso esperar pela última jornada, para subir ao quinto lugar, que lhe permite disputar a segunda pré-eliminatória da Liga Europa. Na primeira experiência como técnico de uma equipa principal, Van Der Gaag mostrou serviço. Tchô, Rafael Miranda e Kléber, são jogadores a seguir. Kléber, para mim, foi mesmo uma das revelações. Temos ali jogador. É daqueles que não engana. Apesar de ser alto, sabe tratar a bola. É elegante na forma como se movimenta, é exímio no futebol aéreo e sabe finalizar com ambos os pés. Tem apenas 20 anos (muita margem de progressão) e fez oito golos em 20 jogos, na sua época de estreia em Portugal e na Europa.

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publicado por andre--- às 17:34
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