OS GRANDES DESTAQUES DO 1º MUNDIAL AFRICANO
Como diz o ditado : o que é bom acaba depressa. Um mês de futebol ao mais alto nível, com as grandes potências do desporto rei e os grandes craques (muitos deles não explodiram) que levam as plateias ao rubro, passou a correr. A prova (19ª edição) abriu com o emocionante África do Sul - México, e terminou com a consagração (inédita) da melhor selecção actual, a Espanha, que sucedeu à Itália (uma das grandes decepções da prova), como a nova número um mundial. Se tivesse que descrever este Campeonato do Mundo, descrevi-o como o : " Mundial Inédito ". Inédito, porque nunca um prova desta dimensão tinha sido disputada em África. A África do Sul teve esse privilégio. O povo africano que tanto gosta de futebol, teve esse prazer. Inédito, porque a Espanha nunca tinha vencido um Mundial. Aliás, antes de 2010, nunca tinha passado dos quartos-de-final. Esse era um dos grandes traumas dos espanhóis. Finalmente foi ultrapassado. Inédita, foi também a final : Espanha - Holanda.
Ainda inédito, foi também o facto do vencedor do torneio, ter perdido a partida inaugural. Nunca tinha acontecido. A Espanha causou sensação quando saiu derrotada por 1-0 frente à Suíça no seu jogo de estreia. Inédito, também, foi a eliminação precoce da selecção anfitriã. Em competições anteriores, o pais organizador conseguiu sempre passar a fase de grupos. A África do Sul ficou-se pela terceira posição do grupo A, com quatro pontos, os mesmos que o México, segundo classificado. A diferença entre golos marcados e sofridos favoreceu os mexicanos. Um Mundial é sempre um Mundial, e há sempre jogos que ficam na memória (o Alemanha - Inglaterra por exemplo) mas na minha opinião, de uma forma global, este Mundial acabou por me desiludir. Foi uma prova demasiado táctica, algo defensiva. Grande parte das equipas não ousou arriscar. Foram sempre muito calculistas. Principalmente na fase de grupos. De todos os Campeonatos do Mundo que tive o prazer de acompanhar, continuo a venerar aquele que foi o meu primeiro Mundial : o Estados Unidos 94 (detém até hoje o recorde assistências).
Foi a nível de jogo jogado, qualquer coisa de genial. Tirando o jogo da final : Brasil - Itália, decidido nas grandes penalidades, foi um torneio que me deixou enormes recordações. Quando se fala de selecções, é muito pouco usual não me recordar de selecções que fizeram história naquele verão. A Roménia (do grande Hagi). A Suécia (Dahlin, Andersson ou Brolin). A Bulgária (Stoitchkov, Balakov ou Kostadinov). A Nigéria (Finidi, Yekini, Rufai). A dupla Romário/Bebeto. As grandes defesas de Preudhomme. Grandes memórias. Que Mundial. Fantástico. Voltando à África do Sul. Este foi também um Mundial de enormes surpresas. Poucos acreditariam que as selecções finalista de 2006 (Itália e França), caíssem na fase de grupos. A eliminação ainda na primeira fase de ambas as selecções foi surpreendente. Para mim, a da Itália foi ainda mais. A Campeã (na altura) do Mundo ficou inserida no grupo F, com Paraguai ; Eslováquia e Nova Zelândia. Um grupo acessível. A Itália, orientada por Marcello Lippi, tal como em 2006, protagonizou também a maior surpresa da prova, ao empatar a uma bola com a modesta Nova Zelândia.
A prestação da selecção da Oceânia também não deixou de ser surpreendente. Apontada por muitos como a formação mais fraca da competição, não se conseguiu apurar para os oitavos-de-final, mas não consentiu qualquer derrota. Três empates. Que para uma selecção como a Nova Zelândia, não deixou de ser invulgar. Por ser na altura a detentora do troféu e ter sido colocada num grupo acessível, a eliminação italiana conseguiu ser ainda mais escandalosa que a da França. Os franceses (grupo A) tiveram de medir forças com uma das semi-finalistas, o Uruguai. O México, que caiu nos oitavos aos pés da Argentina. E com a formação da casa. Tanto uma como outra, ficou-se pela última posição. Sem ter vencido qualquer jogo. A França acabou mesmo por perder dois dos três jogos. Enquanto que a Itália empatou dois e perdeu apenas um. Um empate no último jogo com a Eslováquia chegava, porém a " Squadra Azzurra " foi surpreendida, acabando por perder por 3-2. A França acabou mesmo por ter uma participação idêntica à de 2002.
A juntar a uma prova desastrosa, somam-se ainda os vários casos de indisciplina. A saída de Anelka (desentendimentos com o técnico) e a recusa dos jogadores em treinar, foram só alguns dos destaques negativos dos " Bleus ". A Ministra Francesa dos desportos, chegou mesmo a apelidar a participação da selecção europeia de " desastre desportivo ". Das quatro grandes favoritas, Espanha ; Brasil ; Argentina e Inglaterra, apenas uma conseguiu passar a barreira dos quartos-de-final, foi a Espanha. Esperava-se muito mais de qualquer uma das últimas três. O Brasil nunca chegou a convencer. Mas depois de ter ido para as cabines a vencer a Holanda no jogo dos quartos, poucos acreditavam que a " Laranja Mecânica " fosse capaz de dar a volta. Faltou um pouco de sorte ao Brasil. Em apenas 45 minutos faz um auto-golo e viu Felipe Melo ser expulso. Duas condicionantes que ditaram o desfecho dos canarinhos no Mundial Africano. Cada vez me convenço mais que Ronaldinho tinha lugar no onze de Dunga.
Com Kaká em dificuldades físicas, sem Diego, e um Elano que não é jogador para ser titular, o médio do Milan teria acrescentado alguma fantasia, alguma criatividade naquele meio-campo. Os argentinos foram uma das melhores formações da primeira fase. Até ao jogo com os alemães, e antes da péssima ideia de Maradona, quando decidiu desfazer a dupla : Mascherano/Veron, a Argentina deixou no ar a ideia de que podia mesmo vencer a prova. Com um ataque de fazer inveja a qualquer equipa, foi sempre vista como uma equipa a ter em conta, lá está, por causa do seu sector ofensivo. Na primeira fase, a " Albiceleste " foi 100 % vitoriosa. Nos oitavos despachou o México, tal como em 2006 (nessa altura com mais dificuldades). Nos quartos, Maradona ousou em demasia. Não se pode ganhar um jogo jogando só com um médio, frente a uma equipa do mesmo nível que jogou com três. Maradona perdeu a aposta. Mostrou que afinal não estava preparado para treinar uma equipa. Foi um erro de principiante.
A Inglaterra foi a grande decepção do lote das candidatas/favoritas. Entrou com o pé esquerdo. Um erro de Greening permitiu o empate aos Estados Unidos. A Inglaterra até tinha começado da melhor maneira o jogo inaugural. Ainda antes dos 15 minutos de jogo, já vencia por 1-0. Greening facilitou e os ingleses não foram além de um empate a um. Seguiu-se mais uma igualdade diante da modesta Argélia. Desta vez sem golos. Uma vitória no derradeiro jogo frente à Eslovénia por 1-0, qualificou a equipa de Capello (outra desilusão) no segundo lugar, atrás dos Estados Unidos. Nos oitavos, seguiu-se um embate que já tem muita história. Entrou melhor a Alemanha. Chegou a ter uma vantagem de dois golos. Os ingleses responderam, e reduziram. Logo depois, o maior erro de arbitragem da prova. Um remate de Lampard, passou a linha de de golo. Não foi assinalado. O jogo podia ter tido um desfecho diferente. Os germânicos continuaram a sua caminhada triunfal e venceram por expressivos 4-1. Num jogo em que a grande figura foi Muller.
Tanto o rendimento da equipa, como as escolhas de alguns jogadores para o torneio, deixaram muito a desejar na Inglaterra. Capello foi uma grande desilusão para mim (sempre o venerei). O Gana teve perto de fazer história. Asamoah Gyan teve nos pés o passaporte para as meias-finais. Teria sido inédio. Por momentos, cheguei a pensar que pela primeira vez, uma selecção africana ia disputar finalmente uma semi-final. Seria a cereja no topo do bolo. Primeiro Mundial em África, primeira selecção africana nas meias-finais. Gyan falhou a grande penalidade (o último lance do prolongamento frente ao Uruguai). No desempate por penalties, os sul americanos levaram a melhor. O Uruguai e a Holanda acabaram por ser os " outsiders " da prova. A Holanda teve um percurso notável até chegar à final. Seis vitórias em seis jogos : Dinamarca ; Japão ; Camarões ; Eslováquia ; Brasil e Uruguai. A Espanha entrou de forma inesperada. Com uma derrota diante da Suíça. Mas isso não abalou a equipa. Que além do apuramento ainda conseguiu segurar o primeiro lugar do Grupo H. Na fase a eliminar (incluindo a final), a campeã do mundo, venceu sempre pela margem mínima (1-0). As vítimas foram Portugal, Paraguai, Alemanha e Holanda.
Este foi também o Mundial que teve como figura : o " Polvo " mais famoso do planeta. Paul, como é conhecido, acertou todos os prognósticos em que deu o seu veredicto. Acertou nos jogos da Alemanha, e no jogo da Final. No total foram oito resultados. Também foi o Mundial das " Vuvuzelas ". Uma espécie de instrumento muito popular daquele país. Houve quem quisesse afastar as vuvuzelas dos estádios, mas a FIFA não concordou. Um barulho irritante (que não era aconselhável, segundo os médios especialista) que dificultava a comunicação entre os vários elementos do jogo. Treinadores, jogadores ou equipas de arbitragem. Para muitos, um dos grandes problemas da prova, debatia-se com a segurança. Sendo a África do Sul um país com uma taxa de criminalidade bastante elevada, criou grande desconfiança nos participantes. Após o Mundial, pode-se dizer que as coisas até correram bem. Um ou outro incidente. Mas de uma forma geral, as autoridades foram eficientes no combate ao crime. As arbitragens na fase de grupos, foram sublimes. O mesmo não sucedeu nos jogos a eliminar. O erros ocorridos no Alemanha - Inglaterra, ou no Argentina - México, foram alguns dos mais graves.
Controvérsia, provocou também a bola da competição : a " Jabulani ". Para muitos jogadores, a bola ganhava trajectórias estranhas. Nunca uma bola foi tão criticada. Dos jogos que assisti (e foram praticamente todos), em que os guarda-redes foram batidos de forma inesperada, não me pareceu que a culpa tivesse sido da bola, mas sim dos guarda-redes. Este também não foi o Mundial das estrelas. Grande parte dos melhores jogadores da actualidade não conseguiram brilhar. Messi, Ronaldo, Ribery, Kaká, Rooney, entre outros, passaram ao lado da competição. A nível de assistências foi uma prova assinalável. O Campeonato do Mundo de 2010, passou a ser o terceiro com a maior assistência de sempre. Jogado em África, acabou por ser decepcionante a prestação das selecções africanas.
Das seis em prova (África do Sul, Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Gana e Nigéria), apenas uma seguiu para os oitavos-de-final. Foi o Gana. Que ao chegar aos quartos-de-final, igualou os desempenhos dos Camarões em 1990, e do Senegal em 2002. Houve lugar para algumas surpresas pela positiva. Casos do Japão, Coreia do Sul, Chile, México ou Estados Unidos. Que mostraram ser equipa competitivas. Também houve lugar para algumas desilusões : Eslovénia, Sérvia, Dinamarca ou Suíça. Foi uma prova que serviu para muitos jogadores confirmarem todo o seu potencial. Michel Bastos ; Gyan ; Fábio Coentrão ; Suarez ; Dos Santos ; Khedira ; Barrios ; Honda ou Sanchez. Estes foram apenas alguns. O Zakumi, a mascote da prova, de todas as que foram criadas até hoje, foi a que mais me agradou. Estes foram para mim os grandes destaques do Mundial.
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