Apenas e só futebol

Foi um fim-de-semana em cheio para os rivais da segunda circular. O Sporting venceu no Restelo o Belenenses por 4-0, com um póquer de Liedson, segurando assim o quarto lugar da Liga. Já os encarnados, aproveitaram da melhor maneira os deslizes de Porto e Braga, para aumentarem a vantagem sobre os mesmos, depois de terem batido na Luz o Paços de Ferreira por 3-1.

BELENENSES - SPORTING

Vencer o lanterna vermelha da prova (Belenenses), era crucial para o Sporting continuar firme no quarto lugar, posto definido pelo seu presidente. O resultado final foi de 4-0, mas devia ter sido de cinco. João Moutinho apontou na segunda parte um golo de belo efeito. Um toque artístico de calcanhar do capitão leonino terminou em golo, que logo depois foi mal invalidado pela equipa de arbitragem.

A figura do desafio foi o inevitável Liedson, que com um póquer no segundo tempo, esmagou o Belenenses no seu próprio terreno. Os azuis do Restelo continuam numa situação bastante critica. Toni, o segundo técnico da equipa esta temporada, o melhor que conseguiu até ao momento foi um empate. O Belém é cada vez mais último.

O Sporting foi quase sempre a equipa mais perigosa, mas só no segundo tempo é que confirmou o seu magnífico momento, e arrumou de vez com o seu opositor. Muito por culpa de quatro jogadores que foram a chave do sucesso. Miguel Veloso, Izmailov, Saleiro e Liedson. Uma segunda metade de grande nível, voltou a mostrar aquele Sporting destemido dos jogos mais recentes. Bom prenúncio para o jogo da Liga Europa em Madrid diante do Atlético.

BENFICA - PAÇOS DE FERREIRA

Quando os encarnados entraram em campo para defrontar uma das melhores equipas da segunda volta da Liga Sagres, já conheciam os resultados dos seus adversários directos. Ambos tinham empatado, por tanto, motivação era coisa que não faltava aos pupilos de Jorge Jesus. Um triunfo deixava o Porto ainda mais longe e o Braga a três pontos.

O Benfica entrou forte, como seria de esperar, e chegou ao golo à vantagem bem cedo. Estavam decorridos apenas 14 minutos, quando Ruben Amorim marcou o primeiro da noite. Assistência de Cardozo para Amorim finalizar de cabeça. Não tardou muito até que o marcador voltasse a funcionar.

Três minutos depois, foi a vez de Saviola fazer o segundo, e o seu 11º na prova. Após um bom trabalho individual. Em cima do intervalo o homem golo do Paços reduziu. William deu alguma alento aos visitantes, quando correspondeu a um belo cruzamento no lado esquerdo e de cabeça bateu Quim.

Na segunda parte o Paços sempre bem organizado tentou discutir o resultado, mas pela frente estava um Benfica que só pensava em vencer para fugir à concorrência. E, aos 59 minutos, o melhor marcador da competição (Cardozo) apontou o seu primeiro e único golo do jogo, 17º na prova. O Benfica voltava a ter uma vantagem de dois golos. O jogo terminava, e as águias chegavam aos 55 pontos e ao golo número 96 em todas as provas. Registo assinalável.

O Porto pode ter hipotecado de vez a luta pelo título, após o empate de ontem à tarde no Dragão com o Olhanense a dois golos, em jogo da vigésima segunda jornada da Liga Sagres. A surpresa podia ter sido ainda maior, caso o colombiano Guarín não tivesse empatado o jogo no último lance do desafio. O Olhanense chegou a ter uma vantagem de dois golos. Chegando mesmo a ir para o intervalo com esse resultado.

Djalmir, artilheiro da formação algarvia, melhor marcador da equipa e da Liga Vitalis na temporada transacta, foi a grande figura da partida ao marcar os dois golos do conjunto orientado por Jorge Costa (regressou a uma casa que bem conhece). Ele que já tinha marcado na jornada anterior em Braga. Falcao apontou o primeiro golo dos azuis-e-brancos (16º na prova). Caso o Benfica consiga vencer hoje na Luz o Paços de Ferreira, aumenta para 11 a vantagem pontual em relação ao campeão nacional.

Jesualdo Ferreira, que parece ter os dias contados na invicta, deixou de fora jogadores que costumam ser titulares indiscutíveis, casos de : Rolando, Fucile ou Raúl Meireles. As alterações na convocatória para este jogo foram produzidas a pensar no próximo jogo da Liga dos Campeões frente ao Arsenal. Varela também começou no banco. Acabando por entrar ainda na primeira parte.

O Olhanense tal como já havia feito em braga, adiantou-se no marcador bem cedo. Estavam decorridos apenas 13 minutos de jogo, e os algarvios já venciam por 1-0. Djalmir marcava à boca da baliza com o peito (no limite do fora-de-jogo), depois de uma assistência de Paulo Sérgio. Três minutos depois, o ponta-de-lança brasileiro bisava na partida e fazia o 2-0. Passe milimétrico de Paulo Sérgio, a isolar o camisola 11 da formação de Olhão, que só com Helton pela frente, não desperdiçou a oportunidade flagrante, (apontava o seu quinto golo na competição, todos fora de casa).

O Porto sentiu grandes dificuldades nos primeiros 15/20 minutos para assentar o seu jogo. Muito por culpa do Olhanense que estava bem melhor e claramente por cima dos acontecimentos. Bem organizado e gerir a posse de bola. A mostrar mais uma vez, que tem qualidade mais do que suficiente para se manter entre os grandes. Aos poucos o Porto foi conseguindo responder e até ao intervalo teve oportunidades para marcar. Uma delas claríssima. Remate resteiro de Rodriguez para uma grande defesa de Ventura com a perna.

No segundo tempo, já com Varela em campo, e uma frente de ataque alargada, composta por Mariano, Rodriguez, Varela e Falcao, o Porto foi assentuando cada vez mais a pressão sobre o seu adversário. Obrigando-o a recuar e a defender cada vez mais. O Porto desperdiçou ocasiões claras de golo, e também se pode ter queixado da sorte. Acertou nos postes por duas vezes (Falcao e Belluschi). Ainda assim, acabaria por chegar ao empate. Acabou por reduzir a desvantagem nos últimos dez minutos do encontro por Falcao. E, mesmo sobre o final, conseguiu empatar por intermédio de Guarín.

Resultado justo. O Porto atacou mais, e teve as melhores oportunidades para chegar ao golo. Mas, pela magnífica primeira parte que conseguiu, o Olhanense mereceu sem margem para dúvidas ter conquistado um ponto. Maicon e Miguel Lopes, que renderam Rolando e Fucile, não justificaram a titularidade. Enquanto que o argentino Tomás Costa, continua a não mostrar qualidade suficiente para representar um clube com o Porto. Que falta tem feito Fernando !!!

A temporada actual tem servido para confirmar o talento puro que há no internacional argentino e camisola 20 dos encarnados Di Maria. Uma das grandes figuras do clube e do futebol português. Se nas últimas duas épocas, as suas primeiras ao serviço do Benfica, o sul americano procurou crescer como jogador, adaptar-se ao clube e ao futebol europeu. Esta temporada tem mostrado claramente que esses objectivos foram conseguidos. Estamos na presença de um enorme talento, e que, muito provavelmente, o mais certo é abandonar a Luz e rumar a uma das principais Ligas europeias no final da época.

A época tem confirmado, que Di Maria, já não é só um talento, uma promessa, é um grande jogador, um valor seguro do futebol argentino. Ao longo da temporada, o argentino tem vindo a fazer a transição (é ai que muitos jogadores falham) de grande promessa, para um valor seguro do futebol. Ainda lhe falta melhorar em alguns aspectos, como é normal, não estivéssemos nós a falar de um jogador que tem apenas 22 anos de idade. Que já conquistou o seu espaço quer no Benfica quer na selecção azul celeste. Levando inclusive, o polémico técnico da selecção das pampas (Maradona) a fazer uma afirmação curiosa : " ele é uma das minhas armas para vencer o próximo Campeonato do Mundo de futebol ". Afirmação que diz muito sobre a importância e o valor do extremo encarnado.

Di Maria, é hoje em dia um jogador diferente daquele que se sagrou campeão do Mundo de sub-20, e que mais tarde teve como tarefa substituir, ou tentar substituir o português Simão Sabrosa. Além de ter melhorado em termos físicos que no futebol moderno é extremamente importante, também teve uma certa evolução no aspecto táctico do jogo (defende, ajuda a fechar o flanco e recua muitas vezes). Já não é aquele jogador demasiado individualista, que muitas vezes se perdia em malabarismos. Passou a ser um jogador com uma visão diferente daquilo que pode e deve fazer em campo. É um jogador que se preocupa mais em assistir do que em construir mais uma jogada individual. Outra das suas evoluções foi na finalização. Tudo isto sem perder a sua criatividade, que é enorme.

Graças aos bons desempenhos no Benfica e na sua selecção, a sua cotação tem vindo a subir em flecha. O Benfica terá a curto prazo uma bela oportunidade para um grande negócio com a sua venda, que parece ser cada vez mais inevitável e uma realidade próxima. Peça fundamental na manobra atacante do onze de Jorge Jesus, Di Maria ao longo da temporada tem se vindo a assumir como um dos principais nomes deste Benfica versão 09/10. O que lhe vai permitindo ganhar cada vez mais destaque e importância nas escolhas de Diego Armando Maradona. E isso dá-lhe muita visibilidade, algo fundamental para se chegar a uma grande Liga. Angelito tem quase de certeza garantida a sua presença na África do Sul. E o bom Mundial, será meio caminho andado para deixar a Luz três épocas depois, e rumar a outras paragens.

Os responsáveis pela nossa selecção, têm feito um grande alarido à volta do que passou em Coimbra, no decorrer da segunda parte do jogo de preparação entre Portugal e a China. Sentem-se ofendidos, pelas vaias e pelo monumental coro de assobios. Mas não me parece que tenham qualquer tipo de razão (também é preciso dizer que num jogo a sério aquilo era quase impossível de vir a acontecer). Se os jogadores estão mais virados para o que ainda falta jogar nos seus campeonatos, ou estão com medo de se lesionarem, e falharem o Mundial, e decidem tirar o pé nestes amigáveis. Então não faz qualquer sentido agendarem-se jogos de preparação desta natureza (é uma perda de tempo e da paciência).

É normal que o empenho, a atitude, o ritmo de jogo e a motivação não sejam os mesmos quando se entra em campo para disputar um jogo a feijões como foi o caso. Porém, esta selecção tem prestígio e um nome a defender. Uma selecção com a as responsabilidades e qualidade que esta ostenta, tem que pelo menos tentar apresentar bem mais que aquilo que apresentou naquela segunda parte vergonhosa e medíocre. Para mim foi simples perceber que, aquela manifestação de desagrado, foi uma chamada de atenção do público afectivo á selecção. A mensagem foi simples : os adeptos merecem um pouco mais de respeito.

Imaginemos nós, que selecções como a Espanha, o Brasil, a Inglaterra, e por ai adiante, exibiam-se da mesma forma que Portugal, em jogos realizados nos seus países. O resultado seria idêntico ao que presenciámos em Coimbra. Porque, por e simplesmente, os adeptos querem sempre ver os jogadores e a sua selecção em bom plano. A jogar bom futebol e, se possível, a vencer. Os adeptos querem ver empenho da parte dos jogadores. Mesmo sabendo que estes jogos não contam para nada. Não se pede que as selecções façam o jogo da vida delas. O que se pede : é que honrem a camisola que vestem, e nada mais !!!