CANDIDATURA IBÉRICA NÃO CONVENCEU
Nunca dei grande coisa pela candidatura ibérica ao Mundial de 2018. As candidaturas conjuntas nunca me convenceram. Sempre achei que a Espanha tinha tudo para concorrer sozinha, e que não precisava de Portugal para nada. Com a crise financeira instalada na península Ibérica, seria de esperar que Portugal e Espanha não estivessem ao nível das candidaturas da Rússia e do Qatar. Era impossível competir com o poderio financeiro dos russos. Uma organização desta importância e dimensão necessita de grandes investimentos. Portugal e Espanha nunca poderiam concorrer com estes países, assim com a Inglaterra actualmente. Acho bem que a FIFA aposte em novos mercados, em novos pontos do globo. Sejamos realistas, o Mundia seria sempre mais espanhol do que português. A grande distância entre as cidades russas, ou as elevadas temperaturas no Qatar, podem ser contornáveis. Rússia e Qatar mereciam tanto quanto Portugal e Espanha. Excelentes condições necessitam de grandes investimentos.
COENTRÃO FOI O MELHOR LATERAL ESQUERDO DA PROVA
Guarda-redes - Diego Benaglio - Um velho conhecido do futebol português. O antigo guardião do Nacional da Madeira, efectuou apenas três jogos. Mas em apenas três partidas, fez muito mais que qualquer outro guarda-redes. Os guarda-redes que chagaram às meias-finais, ou até mesmo à final, não se destacaram assim tanto. Daí a minha escolha ter recaído no número um da Suíça.
Lateral esquerdo - Fábio Coentrão - O benjamim da selecção nacional chegou à África do Sul com apenas uma internacionalização. Depois de ter convencido Jorge Jesus na pré-época do ano passado, agarrou o lugar no Benfica e assumiu-se na selecção, relegando Duda para o banco de suplentes. O bom desempenho nos quatro jogos em solo africano abriu o apetite dos grandes clubes europeus. A sua permanência na Luz continua a ser um incógnita.
Lateral direito - Sérgio Ramos - Fantástico !!! Ataca, defende, foi dono e senhor da faixa direita do campeão do mundo. Há quem diga que Mourinho pretende deslocá-lo para o eixo defensivo da equipa madrilista. Seria um erro tremendo. Neste momento não é inferior a Maicon. Estão os dois no mesmo nível. Em termos ofensivos, até arrisco a dizer que o espanhol é superior. Integra-se no ataque com grande facilidade e é um jogador interessante em termos técnicos. Ele que há uns anos atrás era central.
Defesa central - Túlio Tanaka - Um dos grandes destaques da formação asiática do Japão. Pilar de defesa nipónica, Tanaka foi muitas vezes decisivo. Não é um jogador rápido, mas é determinantes na forma como se antecipa aos adversários e, acima de tudo, sublime no posicionamento. Aos 29 anos, poderia perfeitamente dar o salto para o futebol europeu. As qualidades estão todas lá.
Defesa central - Gerad Piqué - Para mim, é o melhor defesa central do futebol actual. É um central moderno. Com apenas 23 anos, atingiu o topo. Alto, forte fisicamente, rápido e com uma qualidade técnica invulgar para um jogador que joga na sua posição. Muito boa visão de jogo, levanta a cabeça e sai a jogar. Interpreta muito bem cada lance. Um muro no Barça e na selecção espanhola.
Médio defensivo - Sami Khedira - Juntamente com o médio do Bayern de Munique, Bastian, formaram a melhor dupla de pivôs defensivos do Campeonato do Mundo. O médio do Estugarda, que pode estar de saída para o Real Madrid, acabou mesmo por sobressair. E na minha opinião foi o jogador mais se destacou na prova. Foi bastante importante para a selecção germânica. Foi um dos que mais correu. Raramente cometeu erros tácticos. Falha poucos passes e sabe sair a jogar. Aos 23 anos, Khedira confirmou todo o seu potencial.
Médio centro - Xavi - O cérebro de todo o futebol do Barcelona e da selecção espanhola. Com ele a comandar tudo parece mais fácil, mais fluído, mais esclarecido. No conceito de jogo das equipas que representa, é imprescindível. A bola tem de lhe chagar sempre aos pés. Ele conduz cada jogada, é um dos jogadores que mais passes efectua num jogo. Sempre com grande eficiência. É como se tivesse uma régua e um esquadro na mão. Um dos médios mais influentes do futebol actual.
Médio ofensivo - Wesley Sneidjer - Dificilmente conseguirá outra temporada idêntica. Foi uma época de sonho. Podia ter sido perfeita, só faltou o título Mundial. O médio do Inter venceu tudo ao serviço do clube italiano com Mourinho. Nenhum outro jogador tem tanto sucesso hoje em dia como Sneidjer tem nos passes para as costas da defesa. Coloca a bola redondinha nos jogadores mais adiantados. Foi assim no Inter e foi assim no Mundial com a camisola da " Laranja Mecância ". Não precisa de ter a bola em sua posse durante muito tempo, quando a tem, toma de imediato uma decisão acertada. É um jogador inteligente, decide sempre da melhor maneira. Além de assistir também marca. Os seus golos (cinco) fizeram a diferença. Um dos melhores números 10 da actualidade.
Avançado - Thomas Muller - Tal como aconteceu com outros jogadores, a época passada foi de afirmação para Muller (20 anos). Van Gaal apostou nele, e este correspondeu. Na selecção germânica aconteceu o mesmo. Justificou a titularidade na selecção europeia com cinco golos (um dos melhores marcadores do Mundial).
Avançado - David Villa - Com Fernando Torres em péssimas condições fisicas, coube lhe a ele ser o marcador de serviço. Cinco golos de enorme importância e exibições de encher o olho, fizeram dele um dos grandes nomes do Mundial africano. Veio a prova que o Barça fez uma escolha acertada quando decidiu regatá-lo ao Valencia pela módica quantia de 40 milhões de euros. Um dos mais importantes na vencedora do troféu.
Avançado - Diego Forlán - O melhor jogador do torneio não podia falta nesta lista. O uruguaio Forlán, foi uma espécie de faz tudo na selecção do seu país. Jogou, fez a equipa jogar e também marcou cinco golos. Alguns deles de belo efeito. A sua enorme prestação foi coroada com a bola de ouro do Mundial e com a quarta posição no torneio. Belo registo para uma selecção como o Uruguai.
OS GRANDES DESTAQUES DO 1º MUNDIAL AFRICANO
Como diz o ditado : o que é bom acaba depressa. Um mês de futebol ao mais alto nível, com as grandes potências do desporto rei e os grandes craques (muitos deles não explodiram) que levam as plateias ao rubro, passou a correr. A prova (19ª edição) abriu com o emocionante África do Sul - México, e terminou com a consagração (inédita) da melhor selecção actual, a Espanha, que sucedeu à Itália (uma das grandes decepções da prova), como a nova número um mundial. Se tivesse que descrever este Campeonato do Mundo, descrevi-o como o : " Mundial Inédito ". Inédito, porque nunca um prova desta dimensão tinha sido disputada em África. A África do Sul teve esse privilégio. O povo africano que tanto gosta de futebol, teve esse prazer. Inédito, porque a Espanha nunca tinha vencido um Mundial. Aliás, antes de 2010, nunca tinha passado dos quartos-de-final. Esse era um dos grandes traumas dos espanhóis. Finalmente foi ultrapassado. Inédita, foi também a final : Espanha - Holanda.
Ainda inédito, foi também o facto do vencedor do torneio, ter perdido a partida inaugural. Nunca tinha acontecido. A Espanha causou sensação quando saiu derrotada por 1-0 frente à Suíça no seu jogo de estreia. Inédito, também, foi a eliminação precoce da selecção anfitriã. Em competições anteriores, o pais organizador conseguiu sempre passar a fase de grupos. A África do Sul ficou-se pela terceira posição do grupo A, com quatro pontos, os mesmos que o México, segundo classificado. A diferença entre golos marcados e sofridos favoreceu os mexicanos. Um Mundial é sempre um Mundial, e há sempre jogos que ficam na memória (o Alemanha - Inglaterra por exemplo) mas na minha opinião, de uma forma global, este Mundial acabou por me desiludir. Foi uma prova demasiado táctica, algo defensiva. Grande parte das equipas não ousou arriscar. Foram sempre muito calculistas. Principalmente na fase de grupos. De todos os Campeonatos do Mundo que tive o prazer de acompanhar, continuo a venerar aquele que foi o meu primeiro Mundial : o Estados Unidos 94 (detém até hoje o recorde assistências).
Foi a nível de jogo jogado, qualquer coisa de genial. Tirando o jogo da final : Brasil - Itália, decidido nas grandes penalidades, foi um torneio que me deixou enormes recordações. Quando se fala de selecções, é muito pouco usual não me recordar de selecções que fizeram história naquele verão. A Roménia (do grande Hagi). A Suécia (Dahlin, Andersson ou Brolin). A Bulgária (Stoitchkov, Balakov ou Kostadinov). A Nigéria (Finidi, Yekini, Rufai). A dupla Romário/Bebeto. As grandes defesas de Preudhomme. Grandes memórias. Que Mundial. Fantástico. Voltando à África do Sul. Este foi também um Mundial de enormes surpresas. Poucos acreditariam que as selecções finalista de 2006 (Itália e França), caíssem na fase de grupos. A eliminação ainda na primeira fase de ambas as selecções foi surpreendente. Para mim, a da Itália foi ainda mais. A Campeã (na altura) do Mundo ficou inserida no grupo F, com Paraguai ; Eslováquia e Nova Zelândia. Um grupo acessível. A Itália, orientada por Marcello Lippi, tal como em 2006, protagonizou também a maior surpresa da prova, ao empatar a uma bola com a modesta Nova Zelândia.
A prestação da selecção da Oceânia também não deixou de ser surpreendente. Apontada por muitos como a formação mais fraca da competição, não se conseguiu apurar para os oitavos-de-final, mas não consentiu qualquer derrota. Três empates. Que para uma selecção como a Nova Zelândia, não deixou de ser invulgar. Por ser na altura a detentora do troféu e ter sido colocada num grupo acessível, a eliminação italiana conseguiu ser ainda mais escandalosa que a da França. Os franceses (grupo A) tiveram de medir forças com uma das semi-finalistas, o Uruguai. O México, que caiu nos oitavos aos pés da Argentina. E com a formação da casa. Tanto uma como outra, ficou-se pela última posição. Sem ter vencido qualquer jogo. A França acabou mesmo por perder dois dos três jogos. Enquanto que a Itália empatou dois e perdeu apenas um. Um empate no último jogo com a Eslováquia chegava, porém a " Squadra Azzurra " foi surpreendida, acabando por perder por 3-2. A França acabou mesmo por ter uma participação idêntica à de 2002.
A juntar a uma prova desastrosa, somam-se ainda os vários casos de indisciplina. A saída de Anelka (desentendimentos com o técnico) e a recusa dos jogadores em treinar, foram só alguns dos destaques negativos dos " Bleus ". A Ministra Francesa dos desportos, chegou mesmo a apelidar a participação da selecção europeia de " desastre desportivo ". Das quatro grandes favoritas, Espanha ; Brasil ; Argentina e Inglaterra, apenas uma conseguiu passar a barreira dos quartos-de-final, foi a Espanha. Esperava-se muito mais de qualquer uma das últimas três. O Brasil nunca chegou a convencer. Mas depois de ter ido para as cabines a vencer a Holanda no jogo dos quartos, poucos acreditavam que a " Laranja Mecânica " fosse capaz de dar a volta. Faltou um pouco de sorte ao Brasil. Em apenas 45 minutos faz um auto-golo e viu Felipe Melo ser expulso. Duas condicionantes que ditaram o desfecho dos canarinhos no Mundial Africano. Cada vez me convenço mais que Ronaldinho tinha lugar no onze de Dunga.
Com Kaká em dificuldades físicas, sem Diego, e um Elano que não é jogador para ser titular, o médio do Milan teria acrescentado alguma fantasia, alguma criatividade naquele meio-campo. Os argentinos foram uma das melhores formações da primeira fase. Até ao jogo com os alemães, e antes da péssima ideia de Maradona, quando decidiu desfazer a dupla : Mascherano/Veron, a Argentina deixou no ar a ideia de que podia mesmo vencer a prova. Com um ataque de fazer inveja a qualquer equipa, foi sempre vista como uma equipa a ter em conta, lá está, por causa do seu sector ofensivo. Na primeira fase, a " Albiceleste " foi 100 % vitoriosa. Nos oitavos despachou o México, tal como em 2006 (nessa altura com mais dificuldades). Nos quartos, Maradona ousou em demasia. Não se pode ganhar um jogo jogando só com um médio, frente a uma equipa do mesmo nível que jogou com três. Maradona perdeu a aposta. Mostrou que afinal não estava preparado para treinar uma equipa. Foi um erro de principiante.
A Inglaterra foi a grande decepção do lote das candidatas/favoritas. Entrou com o pé esquerdo. Um erro de Greening permitiu o empate aos Estados Unidos. A Inglaterra até tinha começado da melhor maneira o jogo inaugural. Ainda antes dos 15 minutos de jogo, já vencia por 1-0. Greening facilitou e os ingleses não foram além de um empate a um. Seguiu-se mais uma igualdade diante da modesta Argélia. Desta vez sem golos. Uma vitória no derradeiro jogo frente à Eslovénia por 1-0, qualificou a equipa de Capello (outra desilusão) no segundo lugar, atrás dos Estados Unidos. Nos oitavos, seguiu-se um embate que já tem muita história. Entrou melhor a Alemanha. Chegou a ter uma vantagem de dois golos. Os ingleses responderam, e reduziram. Logo depois, o maior erro de arbitragem da prova. Um remate de Lampard, passou a linha de de golo. Não foi assinalado. O jogo podia ter tido um desfecho diferente. Os germânicos continuaram a sua caminhada triunfal e venceram por expressivos 4-1. Num jogo em que a grande figura foi Muller.
Tanto o rendimento da equipa, como as escolhas de alguns jogadores para o torneio, deixaram muito a desejar na Inglaterra. Capello foi uma grande desilusão para mim (sempre o venerei). O Gana teve perto de fazer história. Asamoah Gyan teve nos pés o passaporte para as meias-finais. Teria sido inédio. Por momentos, cheguei a pensar que pela primeira vez, uma selecção africana ia disputar finalmente uma semi-final. Seria a cereja no topo do bolo. Primeiro Mundial em África, primeira selecção africana nas meias-finais. Gyan falhou a grande penalidade (o último lance do prolongamento frente ao Uruguai). No desempate por penalties, os sul americanos levaram a melhor. O Uruguai e a Holanda acabaram por ser os " outsiders " da prova. A Holanda teve um percurso notável até chegar à final. Seis vitórias em seis jogos : Dinamarca ; Japão ; Camarões ; Eslováquia ; Brasil e Uruguai. A Espanha entrou de forma inesperada. Com uma derrota diante da Suíça. Mas isso não abalou a equipa. Que além do apuramento ainda conseguiu segurar o primeiro lugar do Grupo H. Na fase a eliminar (incluindo a final), a campeã do mundo, venceu sempre pela margem mínima (1-0). As vítimas foram Portugal, Paraguai, Alemanha e Holanda.
Este foi também o Mundial que teve como figura : o " Polvo " mais famoso do planeta. Paul, como é conhecido, acertou todos os prognósticos em que deu o seu veredicto. Acertou nos jogos da Alemanha, e no jogo da Final. No total foram oito resultados. Também foi o Mundial das " Vuvuzelas ". Uma espécie de instrumento muito popular daquele país. Houve quem quisesse afastar as vuvuzelas dos estádios, mas a FIFA não concordou. Um barulho irritante (que não era aconselhável, segundo os médios especialista) que dificultava a comunicação entre os vários elementos do jogo. Treinadores, jogadores ou equipas de arbitragem. Para muitos, um dos grandes problemas da prova, debatia-se com a segurança. Sendo a África do Sul um país com uma taxa de criminalidade bastante elevada, criou grande desconfiança nos participantes. Após o Mundial, pode-se dizer que as coisas até correram bem. Um ou outro incidente. Mas de uma forma geral, as autoridades foram eficientes no combate ao crime. As arbitragens na fase de grupos, foram sublimes. O mesmo não sucedeu nos jogos a eliminar. O erros ocorridos no Alemanha - Inglaterra, ou no Argentina - México, foram alguns dos mais graves.
Controvérsia, provocou também a bola da competição : a " Jabulani ". Para muitos jogadores, a bola ganhava trajectórias estranhas. Nunca uma bola foi tão criticada. Dos jogos que assisti (e foram praticamente todos), em que os guarda-redes foram batidos de forma inesperada, não me pareceu que a culpa tivesse sido da bola, mas sim dos guarda-redes. Este também não foi o Mundial das estrelas. Grande parte dos melhores jogadores da actualidade não conseguiram brilhar. Messi, Ronaldo, Ribery, Kaká, Rooney, entre outros, passaram ao lado da competição. A nível de assistências foi uma prova assinalável. O Campeonato do Mundo de 2010, passou a ser o terceiro com a maior assistência de sempre. Jogado em África, acabou por ser decepcionante a prestação das selecções africanas.
Das seis em prova (África do Sul, Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Gana e Nigéria), apenas uma seguiu para os oitavos-de-final. Foi o Gana. Que ao chegar aos quartos-de-final, igualou os desempenhos dos Camarões em 1990, e do Senegal em 2002. Houve lugar para algumas surpresas pela positiva. Casos do Japão, Coreia do Sul, Chile, México ou Estados Unidos. Que mostraram ser equipa competitivas. Também houve lugar para algumas desilusões : Eslovénia, Sérvia, Dinamarca ou Suíça. Foi uma prova que serviu para muitos jogadores confirmarem todo o seu potencial. Michel Bastos ; Gyan ; Fábio Coentrão ; Suarez ; Dos Santos ; Khedira ; Barrios ; Honda ou Sanchez. Estes foram apenas alguns. O Zakumi, a mascote da prova, de todas as que foram criadas até hoje, foi a que mais me agradou. Estes foram para mim os grandes destaques do Mundial.
ESPANHA - HOLANDA
Um golo apontado por Iniesta (quando se esperava que Sneijder ou Villa aparecessem, foi o pequeno génio que entrou em cena, Iniesta foi o jogador da final), aos 117 minutos do prolongamento, já com a " Laranja Mecânica " reduzida (expulsão de Heitinga) a dez lementos, consagrou a " La Furia Roja ", como a nova campeã mundial. Os espanhóis igualaram os êxitos de selecções como a Alemanha e a França, que conseguiram juntar o título Europeu ao título Mundial, ou vice versa. Foram precisos 120 minutos para encontrar a sucessora da Itália. A única, a genial, a espectacular, a fantástica ... Espanha, mereceu este troféu mais que todas as outras selecções.
Ao longo da competição, apesar de nos últimos quatro encontros ter vencido sempre pela margem mínima (1-0), conseguiu ser sempre superior a todos os seus adversários. Até mesmo quando perdeu (1-0) frente aos suíços. Na altura achei que tinha sido um " erro de percurso ". Olhando para trás, se calhar esse resultado até serviu para acalmar a euforia que se fazia sentir em redor da selecção. Vicente del Bosque soube lidar com esse sentimento de forma inteligente. Procurou sempre atenuar a situação.
Ontem, mais uma vez, não restou qualquer dúvida, quanto à melhor selecção deste Mundial e da actualidade. A Espanha voltou a ser superior. Como em muitos outros jogos, a história deste também podia ter sido diferente, se Robben tivesse sido eficaz quando esteve cara-a-cara com Casillas, e permitiu que o guardião espanhol tivesse defendido com a perna o seu remate. São situações normais do jogo. Nenhuma equipa vence sem um pouco de sorte. A Holanda teve muito poucas situações de golo flagrantes.
Robben foi o homem que mais aterrorizou a retaguarda espanhola. Conseguiu surgir duas vezes isolado. Na primeira perdeu o duelo com Casillas. Na segunda quando entrou na área espanhola já não tinha a força e o discernimento necessários para retirar mais algumas coisa da jogada. Já Espanha teve mais de duas oportunidades. A " La Furia Roja ", entrou forte, confiante e determinada. Nos primeiros minutos de jogo, Sergio Ramos (o melhor lateral direito da prova), obrigou Stekelenburg à primeira grande defesa da noite.
Seguiram-se boas oportunidades por Villa ou Fabregas. A Holanda entrou demasiado agressiva. Recorreu muitas vezes à falta para parar o carrossel espanhol. Mostrou-se uma formação muito indisciplinada. Enquanto os espanhóis foram admoestado apenas cinco vezes em todo o desafio, os holandeses receberam nove cartões amarelos e um vermelho. No confronto de estilos (passe curto, futebol apoiado, posse e circulação de bola) mais ou menos idênticos, a Espanha venceu, porque nunca abdicou dos seus princípios de jogo.
Foi sempre fiel ao seu ADN, ao seu modelo. Resistiu muitas vezes ao jogo directo. Para elaborar sempre todas a jogadas. Já a Holanda apostou muitas vezes no passe em profundidade, passe longo, transição rápida. Até neste ponto de vista a nova campeã do mundo é impressionante. A Espanha nunca, mas nunca renuncia ao seu estilo, mesmo quando está empatada ou a perder. A equipa tem que fazer vários passes, tem que ter a bola, tem que a circular, até esta chegar às suas unidades mais avançadas.
Como adepto de futebol, vibrei e muito com este triunfo dos " Nuestros Hermanos ". Hoje em dia nenhuma outra selecção consegue ombrear com aquela que é a melhor formação dos últimos quatro anos a nível de selecções. Ver esta equipa jogar, é um privilégio para todos os adeptos de futebol. A Campeã da Europa e do Mundo assim que entra em cena, " transpira arte por todos os poros ". Uma selecção para daqui a muitos anos, recordar e suspirar por ela.
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